

São Paulo, 23 de abril de 2024
Nota de Posicionamento da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) sobre o Decreto n° 11.999, de 17 de abril de 2024
A Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) manifesta veemente repúdio à publicação do Decreto Presidencial n° 11.999, de 17 de abril de 2024 que modifica a estrutura da composição da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).
Nesta nova composição a CNRM passou a contar com o dobro de representantes do Governo Federal, o que desequilibra visivelmente a tomada de decisões em favor da gestão em detrimento de posicionamentos técnicos apontados pelas entidades médicas.
A residência médica é fundamental para o avanço das práticas médicas e para a promoção de um atendimento à saúde de excelência. Portanto, decisões que afetam tais processos devem ser pautadas em ampla discussão com todos os setores envolvidos, principalmente aos médicos responsáveis por tais programas.
O referido decreto demonstra ausência de disposição do Governo ao diálogo e à construção de políticas públicas com o envolvimento de todos os segmentos interessados na formação de médicos especialistas brasileiros.
Sendo assim, a SBNI solicita a revogação do Decreto Presidencial n° 11.999, de 17 de abril de 2024.
Diretoria Nacional da SBNI
Gestão 2024/2025
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROLOGIA INFANTIL – SBNI
NOTA DE ESCLARECIMENTO
DEPARTAMENTO DE TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROLOGIA INFANTIL (DR. Hélio van der Linden, Dr. Erasmo Barbante Casella, Dr. Julio Koneski)
TEMA: DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E RETIRADA DA ESCALA M-CHAT DA CADERNETA DE CRIANÇA (6ª EDIÇÃO)
A Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI), vem por meio desta manifestar preocupação e se posicionar contra recente publicação postada em mídias sociais pelo Ministério da Saúde (MS) sobre o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a ausência da escala M-CHAT da sexta edição da Caderneta da Criança.
Destacamos os seguintes dados: o aumento da prevalência de TEA nos últimos anos; os inúmeros estudos que demostram a segurança do diagnóstico do TEA em crianças menores até de 18 meses de idade; que não há uma idade “mínima” estabelecida para o diagnóstico de TEA; que a simples constatação de atraso do desenvolvimento ou diagnóstico precoce de TEA oportuniza início de reabilitação e melhora evidente da criança devido a plasticidade neuronal e das janelas de oportunidade da infância; e que a escala M-CHAT é um instrumento de triagem simplificado e de fácil aplicação pelo profissional não especialista.
Considerando tais informações, a SBNI se manifesta totalmente contrária à postagem do MS que indica o diagnóstico do TEA após os 3 anos de idade. A SBNI orienta e estimula os neurologistas infantis e outras especialidades que lidam com crianças com atrasos do neurodesenvolvimento, a buscarem precocemente o diagnóstico de TEA e, quando este não for possível, identificar “sinais de alerta” para início de abordagem terapêutica.
Portanto, a SBNI recomenda que a postagem sobre o diagnóstico de TEA a partir dos 3 anos feita pelo MS seja revista e reformulada o quanto antes.
A SBNI também se manifesta contra a retirada da escala M-CHAT da Caderneta da Criança em sua nova edição. A escala M-CHAT, por sua fácil aplicação, é um eficaz instrumento de triagem para crianças entre 16 a 30 meses, utilizada mundialmente, para rastreamento de crianças com atraso do desenvolvimento, incluindo o TEA. Portanto, a SBNI recomenda a permanência da escala M-CHAT, de maneira física, na Caderneta da Criança do MS.
A próxima Reunião Interserviços acontecerá dia 16 de maio, segunda-feira, às 20h.
Abaixo seguem os casos que serão apresentados e discutidos.
Recomendações da World Muscle Society
A World Muscle Society, que congrega os principais pesquisadores na área de doenças neuromusculares, preparou um compilado de instruções sobre condutas e procedimentos para pacientes durante a atual pandemia. Versões em vários idiomas, incluindo o português podem ser acessadas em:
https://www.worldmusclesociety.org/news/view/150
Um novo documento, abordando o uso de vacinas para covid-19 está sendo lançado agora, também com uma versão adaptada para o Brasil.
https://www.worldmusclesociety.org/news/view/163
2020-12-22-WMS-Covid-19-Vaccine-Advice-Portuguese
Os membros da World Muscle Society (WMS), elaboraram um documento com orientações sobre cuidados para pacientes com doenças neuromusculares durante a pandemia de COVID-19.
As recomendações foram feitas e direcionadas para pacientes, cuidadores, neurologistas gerais e médicos não especialistas, trazendo respostas às perguntas mais frequentes nesta situação
O documento foi traduzido em diferentes línguas que encontram-se disponíveis no site: https://www.worldmusclesociety.org/news/view/150
Lembramos que atualizações no documento podem ser feitas devido ao grande volume de informações científicas acerca do assunto.
Ressaltamos também que algumas orientações são específicas para cada região do Brasil que vive fases diferentes da pandemia em seus estados e municípios. Portanto, mantenha-se sempre atualizado e confira as informações da Secretaria de Saúde do seu Estado e/ou Município, bem como, no site do Ministério da Saúde.
A tradução e adaptação para português (Brasil) foi realizada pela seguinte equipe de trabalho:
Alexandra Prufer
Edmar Zanoteli
Juliana Gurgel-Giannetti
Mariz Vainzof
Novo Webinar que acontecerá no dia 7 de outubro(quarta-feira) às 20h. Transmissão exclusiva pelo site da SBNi: www.sbni.org.br/webinar
Nele falaremos sobre questões acerca dos distúrbios cerebrais, características das doenças, sintomas e seus diagnósticos.
O palestrante do evento online será o Dr. Hélio Van Der Linden Júnior, neurologista infantil.
A coordenadora é a Dra. Ana Coan, também neurologista infantil.
No dia 22 de setembro, terça-feira às 20h, realizamos mais um evento com uma aula online sobre Terapia Gênica , aonde aprendemos seus conceitos gerais e sua aplicação em doenças neurológicas. O palestrante foi o Dr. Marcondes França, neurologista, e a moderadora, Dra. Juliana Giannetti, neurologista infantil. Durante a aula, falamos do conceito da terapia gênica, o papel e importância dos vetores, além de abordar o uso clínico das terapias atuais.
Acesse: www.sbni.org.br/webinar
No dia 10 de setembro, a SBNi realizou mais um Webinar e trouxemos aulas online com informações importantes para nosso conhecimento. Nelas abordamos tudo sobre neuroimunologia. Veja como foi cada aula:
Aula 1: Mielites na infância com a palestrante Dra. Manuela de Oliveira Fragomeni.
Aula 2: Doenças associadas ao anticorpo anti-MOG na infância com a palestrante Dra. Bruna Klein da Costa.
Aula 3: COVID-19 e doenças neuroimunológicas na infância com o palestrante Dr. José Albino da Paz.
Não perca na próxima!
Acesse: www.sbni.org.br/webinar
Em parceria com a UCB, a SBNi realizou mais um NeuroWebinar, no dia 12 de agosto. O tema foi “Epilepsia Mioclônica Juvenil”.
Aulas que foram disponibilizadas:
AULA 1 : Epilepsia Mioclônica Juvenil – Armadilhas diagnósticas
Como diferenciar de outras epilepsias e fazer uma correta investigação.
Palestrante: Dra. Kette Valente.
AULA 2: Escolha racional do tratamento da Epilepsia Mioclônica Juvenil em meninos e meninas.
Palestrante: Dra. Maria Luíza G. de Manreza.
AULA 3: Epilepsia Mioclônica Juvenil
Da adolescência para a vida adulta (com apresentação de caso clínico)
Palestrante: Dra. Ana Carolina Coan.
Moderadora:
Dra. Letícia Brito Sampaio
Presidente da SBNI
Acesse: www.sbni.org.br/webinar
Neste NeuroWebinar do dia 9 de julho, falamos sobre o diagnóstico precoce, as armadilhas e os desafios desse diagnóstico e também a abordagem medicamentosa, em relação ao Transtorno do espectro do autismo, tema muito sério e importante.
Aulas, seus assuntos e participantes:
AULA 1 : Diagnóstico precoce
Palestrante: Dr. Hélio van der Linden Júnior.
AULA 2: Armadilhas e desafios no diagnóstico
Palestrante: Dr. Erasmo Barbante Casella.
AULA 3: Abordagem medicamentosa
P?alestrante: Dr. Carlos Gadia.
E tivemos uma novidade! Tudo isso foi transmitido pelo nosso site: www.sbni.org.br/webinar/
Este ano teremos cinco reuniões interserviços, que serão online e ocorrerão nos dias 15 de março, 10 de maio, 28 de junho, 9 de agosto e 18 de outubro.
Webinar que teve que ser adiado, foi transmitido pelo perfil do Facebook da SBNi, dia 25 de junho.
Dentro das aulas, muito se falou sobre as doenças Neuromusculares.
Palestrantes
Dra. Vanessa van der Linden
Dra. Juliana G. Giannetti
Dra. Alexandra Prufer
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Coordenadora:
Dra. Juliana G. Giannetti
Acesse a nossa página no Facebook: www.facebook.com/SBNinfantil
Webinar do dia 17 de junho transmitido através do Facebook. Tema: “Pelo Fim do Silêncio:
Encefalopatias epilépticas como causas de ataxia na infância”.
O palestrante foi o Dr. André Pessoa, neurologista infantil.
Coordenadora:
Dra. Letícia Brito Sampaio(neurologista infantil).
Acesse nossa página no Facebook.
NeuroWebinar do dia 14 de maio, com transmissão exclusiva em nosso Facebook. Nas aulas, abordamos os seguintes assuntos:
Aula 1: Paralisia cerebral, uma visão atual!
Dra. Simone Amorim.
Aula 2: Diagnóstico diferencial da paralisia cerebral, parece mas não é!
Dr. André Pessoa.
Aula 3: Erros inatos do metabolismo tratáveis, o que não posso deixar de identificar?
Dr. Fernando Kok.
Coordenadora:
Dra. Letícia Brito Sampaio.
Acesse e conheça nossa página no Facebook: www.facebook.com/SBNinfantil
Departamento Científico de Neuroimunologia: José Albino da Paz, Manuela de Oliveira Fragomeni, Renata Barbosa Paolilo
PARA PACIENTES E FAMILIARES
Diante da pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), anunciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no último mês de março, responsável pela doença COVID-19, surgiram considerações sobre a conduta de pacientes pediátricos portadores de doenças neuroimunológicas. Os principais questionamentos estão resumidas abaixo.
1. QUAIS SÃO AS DOENÇAS NEUROIMUNOLÓGICAS DA INF NCIA ENDEREÇADAS NESSE DOCUMENTO?
As doenças inflamatórias, imunomediadas, que afetam o sistema nervoso central e/ou periférico das crianças são raras e, em sua maioria, monofásicas (decorrem de um surto isolado de inflamação). Esse documento se refere a doenças recorrentes como Esclerose Múltipla Pediátrica, Espectro da Neuromielite Óptica, Encefalites recorrentes (Síndrome Opsoclono-Mioclonia-Ataxia, Encefalites com Anticorpos anti-Receptores Neuronais), Miastenia Gravis, Polineuropatia Desmielinizante Crônica e a doenças que, mesmo com característica monofásica, impõem o uso de medicações imunossupressoras crônicas.
2. SER PORTADOR DESSAS DOENÇAS É FATOR DE RISCO PARA APRESENTAÇÃO GRAVE DO COVID-19?
Considera-se fator de risco para manifestação grave da COVID-19 pacientes adultos maiores de 60 anos e pacientes de qualquer idade com comorbidades (imunodeficiência, hipertensão arterial sistêmica, cardiopatias congênitas e adquiridas, diabetes mellitus, obesidade, doenças respiratórias crônicas, tabagismo e câncer).
Apesar da população pediátrica não caracterizar grupo de risco para gravidade da COVID-19, os pacientes com doenças neuroimunológicas que usam medicações imunossupressoras de forma crônica apresentam maior risco de contrair infecções, incluindo a COVID-19.
Para evitar a doença, são recomendadas para os pacientes e as pessoas que residam juntos medidas preventivas que devem ser respeitadas a sério:
3. A COVID-19 ESTÁ ASSOCIADA A SURTOS DE DOENÇA NEUROIMUNOLÓGICA?
Ainda não há nenhuma evidência científica que a COVID-19 seja responsável por novos surtos da doença de base ou de doenças neurológicas imunomediadas em crianças, porém em algumas doenças neurológicas autoimunes nas crianças e adolescentes surtos podem ser induzidos por infecções (particularmente virais), como a síndrome de Guillain-Barré, a Miastenia Gravis, a Síndrome Opsoclonus-Mioclonia-Ataxia e a Encefalomielite Aguda disseminada (ADEM).
4. O QUE DEVE MUDAR NO TRATAMENTO DURANTE O PERÍODO DE PANDEMIA?
Durante a pandemia, as consultas e exames de rotina estão sendo remarcadas na maioria dos centros. Os pacientes e familiares devem ficar atentos às datas remarcadas e a disponibilidade de medicação (a validade das receitas foi estendida pelo Ministério da Saúde, veja as regras na farmácia onde retira a sua medicação). Em caso de suspeita de surto da doença, o paciente deve procurar o serviço de emergência ou entrar em contato com seu médico assistente. A telemedicina foi recentemente regulamentada durante o período de pandemia podendo facilitar o contato médico.
O tratamento imunossupressor deve ser mantido na maioria dos casos, pois o risco de ter descompensação (surto) da doença neurológica pode ser maior que o risco da COVID-19. No entanto, sugere-se que o médico assistente avalie os casos de forma individualizada. Para tomada de decisão, algumas condições são importantes tais como a estabilidade e gravidade da doença de base e o mecanismo de ação da medicação em uso. Uma importante recomendação é não suspender o corticóide sem recomendação médica.
5. QUAIS AS ORIENTAÇÕES PARA PACIENTES PORTADORES DE DOENÇAS NEUROIMUNOLÓGICAS COM SUSPEITA OU CONFIRMAÇÃO DO COVID-19?
As crianças com sintomas leves da doença são orientadas a procurar o serviço básico de saúde e ficar em casa, em isolamento completo por 14 dias. Pacientes com febre e falta de ar devem ser avaliados em consulta médica de urgência. Se possível, deve-se entrar em contato com o médico assistente para informar sobre a suspeita/confirmação e obter informações específicas. Nessa situação, poderá ser suspensa a medicação imunossupressora até o período de convalescência.
PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Diante da pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), anunciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no último mês de março, responsável pela doença COVID-19, dúvidas com relação a conduta das doenças neuroimunológicas tornaram-se emergentes. Embora a população pediátrica não tenha sido caracterizada como população de risco para COVID-19, os pacientes portadores de doenças neuroimunológicas são vulneráveis pelo uso de medicação imunossupressora. Dessa forma, elaboramos recomendações no manejo dos pacientes pediátricos portadores de Doenças Desmielinizantes do Sistema Nervoso Central (Esclerose Múltipla, Espectro da Neuromielite Óptica) e outras doenças neuroimunológicas em uso crônico de drogas imunossupressoras.
1) Os pacientes e seus responsáveis devem seguir as recomendações de isolamento da OMS, Ministério da Saúde (MS) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) com intensificação de medidas de higiene e uso de máscaras se sintomáticos ou de acordo com legislação estadual/municipal local.
2) Os pacientes/familiares devem ser orientados a manter alimentação saudável e rotina de atividade física respeitando regras do isolamento social.
3) Os pacientes/familiares devem ser orientados a manter a carteira de vacinação atualizada, em especial imunização contra Influenza. Deve-se atentar para contraindicações de vacinas de vírus vivos em pacientes em uso crônico de imunossupressor (incluindo corticoesteroides).
4) As consultas médicas e exames de rotina podem ser adiadas em casos de estabilidade clínica e seguindo-se as regras das Instituições. A recente Regulamentação da Telemedicina durante o período da pandemia permite a avaliação e orientação dos pacientes fora da situação de urgência. Os pacientes que regularmente recebem medicação em leito dia deverão, se possível, terem seu intervalo entre as aplicações espaçadas. Os exames laboratoriais ou de neuroimagem de rotina de pacientes estáveis poderão ser postergados a fim de evitar o risco de contágio.
5) Deve-se orientar os pacientes/familiares sobre a extensão da validade das receitas médicas durante o período de pandemia. Estes devem também ficar atentos à quantidade de medicação para evitar interrupção do tratamento.
6) O tratamento imunossupressor crônico deve ser mantido para todos pacientes de um modo geral, com algumas observações:
7) Pacientes com manifestação aguda de doença neuroimunológica devem ser avaliados e a decisão do tratamento individualizada. Embora não haja um consenso, a opinião dos especialistas de países em fase mais avançada da pandemia recomenda:
8) Para pacientes com diagnóstico recente, deve-se individualizar a conduta:
9) Pacientes com suspeita de COVID-19 devem ser orientados a procurar serviço médico na presença de sinais de gravidade (febre, falta de ar, tosse persistente) e, não havendo sinais de gravidade, manter isolamento domiciliar. Considerar o uso de Oseltamivir em casos de síndrome gripal conforme protocolo específico. Considerar suspender a imunoterapia na fase aguda de casos graves de COVID-19, até que o paciente esteja assintomático e com controles de PCR negativos (3 amostras com intervalo de 1 semana entre cada uma).
10) É recomendado aos centros de tratamento de doenças neuroimunológicas a existência de um canal de comunicação com o paciente para orientações durante a pandemia.
Referências bibliográficas:
Os documentos contêm recomendações que objetivam trazer informações sobre a pandemia da COVID-19 e seu impacto para os pacientes com doenças neuroimunológicas, visando esclarecer dúvidas frequentes e permitir que as famílias e pacientes se organizem durante este período.
Frente à liberação do uso da Telemedicina no Brasil durante o isolamento social, a Academia Brasileira de Neurologia elaborou um documento com orientações para os neurologistas sobre a realização do exame neurológico à distância. Durante a pandemia de COVID-19, a tecnologia e a colaboração médico-paciente são imprescindíveis.
Os membros da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI), Sociedade Brasileira dede Genética Médica e Genômica (SBGMG), Academia Brasileira de Neurologia (ABN -DCs de Neurologia Infantil, Neurogenética e de Neuromuscular), Sociedade de Brasileira Pneumologia ( SBPT) solicitaram a permissão para traduzir o documento sobre Perguntas relacionadas à COVID-19, frequentemente feitas pela comunidade de pacientes com AME, e divulgado no site Cure SMA. A permissão foi concedida e uma equipe de especialistas se reuniu (virtualmente) para elaborar a tradução e adaptação do documento, levando em consideração a realidade Brasileira.
O objetivo do documento é trazer informações sobre a pandemia da COVID-19 e seu impacto para os pacientes com AME, com a finalidade de esclarecer dúvidas frequentes e permitir que as famílias e pacientes se organizem durante este período.
Lembramos que atualizações no documento podem ser feitas devido ao grande volume de informações científicas acerca do assunto.
Ressaltamos também que algumas orientações são específicas para cada região do Brasil que vive fases diferentes da pandemia em seus estados e municípios. Portanto, mantenha-se sempre atualizado e confira as informações da Secretaria de Saúde do seu Estado e/ou Município, bem como, no site do Ministério da Saúde.
Respondendo a suas dúvidas sobre infecção pelo Coronavírus (COVID-19)
Perguntas e respostas publicadas no dia 2 de abril de 2020 pelo Cure SMA
Versão 1 (11/04/2020) – Brasil
As perguntas frequentes a seguir foram criadas para ajudar a solucionar as principais preocupações expressas pelos membros da comunidade com Atrofia Muscular Espinhal (AME) sobre o COVID-19 e fornecer informações adicionais sobre como você pode proteger a si e à sua família. Incentivamos você a consultar o site do Ministério da Saúde (https://saude.gov.br/) para obter as informações mais atualizadas.
Nota da tradução: Este documento deve ser aplicado às características e especificidades de atendimento em cada país. Pequenos ajustes foram feitos, para a população Brasileira.
Perguntas Frequentes
1. Uma pessoa na minha casa necessita trabalhar fora, enquanto as outras estão em casa. Como controlamos a exposição?
Considere criar uma “zona suja” dentro de sua casa ou na parte externa, se isso for possível. Esse local deve ser usado para tirar a roupa depois de voltar de viagens ou do trabalho e para tomar banho antes de estar com o resto da família. Caso não seja possível lavar as roupas imediatamente, elas devem ser colocadas em um saco que deve ser imediatamente fechado e assim permanecer até que seja possível lavá-las. Caso não seja um traje de lavagem fácil, ele deverá permanecer em local arejado por pelo menos oito horas. A roupa não deve ser sacudida antes de ser lavada. Se a pessoa que trabalha fora de casa for exposta a alguém com infecção conhecida pelo COVID-19 ou é um profissional de saúde, ela deve colocar-se em quarentena, ficando em uma parte da casa separada das outras, lavando as mãos com frequência e não compartilhando utensílios de uso pessoal como pratos, talheres e copos. As roupas devem ser lavadas e secas na temperatura mais quente que for tolerada pelo tecido. Não sacuda as roupas, inclusive as roupas de cama, pois isso pode espalhar o vírus no ar. Se essa pessoa se sentir doente, ela deve usar uma máscara facial e se isolar do resto da família.
2. Recebemos compras, pacotes e correspondência em nossa casa. Como devemos agir?
O vírus SARS-CoV-2 demonstrou sobreviver em plástico e aço inoxidável por até 72 horas. No papelão, o vírus desaparece após 24 horas. Para embalagens, mantimentos e suprimentos recebidos em casa, recomendamos limpar com álcool líquido a 70%, sempre que possível. Tenha sempre cuidado com manuseio do álcool, por ser um líquido inflamável.
3. Quanto tempo devemos ficar em quarentena se formos expostos ao vírus e quanto tempo devemos ficar isolados se estivermos doentes?
Se você testar positivo para COVID-19 (diagnóstico confirmado por teste específico) ou apresentar sintomas de COVID-19, isole-se por pelo menos 7 dias, após o início dos sintomas. Caso seus sintomas durem cinco ou mais dias, fique isolado até ter completado 3 dias sem febre ou sintomas respiratórios (por exemplo, tosse, dificuldade em respirar). Se você tiver sido exposto a alguém com COVID-19, fique em quarentena por 14 dias.
4. Ouvi dizer que não devo usar o ibuprofeno se tiver COVID-19?
O Ministro da Saúde da França recomendou evitar o uso do ibuprofeno, mas, posteriormente, essa declaração foi contestada, por não ter evidências científicas suficientes para apoiá-la. Pessoas que tomam ibuprofeno e outros anti-inflamatórios não-esteróides (AINEs) por outros motivos (Ex: naproxeno, diclofenaco de sódio, ácido acetilsalicílico, etc.), não devem parar de tomar esses medicamentos por medo de aumentar o risco de COVID-19. Durante a doença, discuta o uso desses medicamentos e do paracetamol com seu médico.
5. Ouvi dizer que eu poderia usar hidroxicloroquina ou cloroquina com azitromicina para tratar ou prevenir o COVID-19?
Hidroxicloroquina e cloroquina são medicamentos para prevenir e tratar a malária, bem como tratar doenças autoimunes. Esses medicamentos estão apenas começando a ser estudados para o uso na infecção pelo COVID-19. Um estudo na França descobriu que pacientes que tomaram hidroxicloroquina com um antibiótico (azitromicina), eliminaram o vírus de seus corpos mais rapidamente. Adicionalmente, a hidroxicloroquina foi estudada em um pequeno número de pacientes em um estudo randomizado e controlado na China (em que os pacientes foram sorteados para receber o tratamento com hidroxicloroquina ou para receber placebo, um comprimido de farinha), que não encontrou diferença nas taxas de recuperação. A hidroxicloroquina está sendo estudada nos EUA em pessoas hospitalizadas com COVID-19 e no Brasil por estudo organizado pelo Ministério da Saúde em um número muito maior de pessoas infectadas, com metodologia similar ao do estudo chinês. Os efeitos colaterais da hidroxicloroquina incluem dor de cabeça, tontura, náusea, diarreia, dores no estômago, ansiedade, alterações de humor, alterações no ritmo cardíaco. A hidroxicloroquina também pode interagir com outros medicamentos. A hidroxicloroquina e a cloroquina não são aprovadas para tratamento ou prevenção da COVID-19. Salientamos que não existem estudos com hidroxicloroquina e cloroquina em pacientes da faixa etária pediátrica. Devido a considerações para manter todos em segurança durante esse período de incerteza e à falta de testes destes medicamentos em pessoas com AME, o uso de hidroxicloroquina e cloroquina não é recomendado, a menos que faça parte de sua participação em um ensaio clínico como o estudo do Ministério da Saúde.
6. Devemos nos preocupar com protocolos que excluem pacientes com AME de cuidados intensivos em hospitais? Como os especialistas estão se envolvendo para não permitir que isso aconteça?
Até o momento não temos conhecimento de exclusões de cuidados ou limitações de leitos hospitalares no Brasil. A escassez ocorreu com equipamentos de proteção individual para profissionais de saúde. Caso haja alguma política excludente aos pacientes com AME no Brasil, no contexto da pandemia do COVID-19, grupos de especialistas e de associações médicas podem se reunir e se posicionar sobre tais documentos, compartilhando as experiências internacionais contrárias a tais medidas.
7. Foi relatado que medicamentos por nebulização devem ser evitados se você tiver COVID19.
Medicamentos nebulizados geram pequenas partículas em aerossol que podem transportar bactérias e vírus para as partes mais internas do pulmão. O risco de transmissão de infecção por gotículas e aerossóis pode aumentar durante os tratamentos com nebulizador, devido ao potencial de gerar um alto volume de aerossóis respiratórios que podem atingir uma distância maior do que o usual. O medicamento nebulizado também pode estimular a tosse do paciente, aumentando assim a possível propagação da infecção, se presente. Se medicamentos nebulizados forem usados por alguém que possa ter COVID-19, use equipamento de proteção individual e mantenha distância mínima de 2 metros durante a nebulização e episódios de tosse, para evitar a disseminação do vírus. Considere revisar com o seu médico a necessidade de uso deste medicamento durante a fase aguda da doença.
8. As vacinas pneumocócica ou contra influenza diminuem o efeito do COVID-19?
O recebimento da vacina contra influenza ajudará a prevenir a infecção por influenza, já a vacina contra o pneumococo ajudará a prevenir uma pneumonia bacteriana comum. Ambas as infecções podem complicar o COVID-19. Além disso, se menos pessoas desenvolverem influenza devido à vacinação, o sistema de saúde e seus recursos continuarão focados na identificação e gerenciamento do COVID-19.
9. Como a quarentena afetará a dose do Spinraza?
A quarentena pode resultar em um atraso na sua capacidade de receber o Spinraza. Normalmente, a quarentena dura duas (2) semanas. Um atraso de duas (2) semanas ou pelo tempo que durar o isolamento de acordo com informações locais (cada cidade) e de seu médico assistente pode ser aceitável, visando proteger o paciente da exposição ao coronavírus em ambientes hospitalares.
10. Ouvi dizer que algumas pessoas estão relatando perda de olfato e paladar. O que isto significa?
A perda de olfato (capacidade de sentir o cheiro) ou paladar (capacidade de sentir o gosto) pode ser um sintoma de COVID-19. Se você sentir súbita perda de olfato ou paladar, isole-se dos outros e entre em contato com seu médico.
11. Como pacientes, familiares e associações com AME deve interpretar as informações de que pessoas com menos de 20 anos parecem menos impactadas pelo COVID-19?
O COVID-19 parece estar afetando todas as idades em todo o mundo. No entanto, idosos e pessoas com problemas de saúde, como a AME, são consideradas do grupo de risco. Na AME, as doenças virais podem causar sensação de cansaço ou piora da fraqueza muscular.
Perguntas e respostas publicadas no dia 18 de março de 2020 pelo Cure SMA.
12. As pessoas com AME correm maior risco de infecção por COVID-19?
Não existem evidências de risco aumentado de infecção por COVID-19 em pessoas com doenças crônicas, contudo esses indivíduos apresentam maior risco de desenvolver as formas graves desta infecção. O centro de controle de doenças dos Estados Unidos emitiu diretrizes para pessoas com maior risco, similares as emitidas pelo ministério de saúde brasileiro, que recomendam:
Entre em contato com seu médico para perguntas específicas sobre sua saúde. Consulte o site do Ministério da Saúde (https://saude.gov.br/) para obter diretrizes completas e informações atualizadas.
13. Como posso proteger a mim e a minha família?
A melhor maneira de se proteger contra doenças respiratórias, incluindo o COVID-19, é continuar a praticar bons hábitos de saúde.
14. Devo usar uma máscara facial?
A partir de 6 de abril, o Ministério da Saúde sugere que, em ambientes públicos, as pessoas continuem a implementar o distanciamento social e, além disso, que as pessoas devem usar máscaras caseiras, utilizando tecidos. Esta recomendação é baseada em novas informações de estudos que demonstram que pessoas infectadas com coronavírus, mas que não apresentam sintomas, podem transmitir o vírus a outras pessoas. A recomendação do Ministério da Saúde para a população geral é de usar máscaras de tecido não médicas. Os tecidos recomendados para utilização como máscara são, em ordem decrescente de capacidade de filtragem de partículas virais:
a) Tecido de saco de aspirador
b) Cotton (composto de poliéster 55% e algodão 45%)
c) Tecido de algodão (como camisetas 100% algodão)
d) Fronhas de tecido antimicrobiano As máscaras cirúrgicas e as máscaras/respiradores N95 são escassas e precisam ser reservadas aos profissionais de saúde.
15. É seguro ir ao trabalho ou à escola?
Reconhecemos que as circunstâncias de cada indivíduo são únicas. Perguntas sobre seus fatores de risco pessoais devem ser direcionadas à sua equipe de saúde, que pode ajudá-lo a determinar se você deve tomar precauções adicionais.
16. É seguro para mim continuar indo a consultas clínicas?
As pessoas com AME devem continuar seu atendimento de saúde de acordo com as orientações de sua equipe médica. De uma forma geral, as consultas de rotina estão sendo adiadas ou conduzidas por abordagens de telemedicina, quando possível.
17. Minha próxima dose de Spinraza foi adiada. O que devo fazer?
Receber o Spinraza a tempo é uma prioridade. Mas pode haver outras prioridades que resultam em atrasos. Geralmente, recomendamos que as doses sejam realizadas o mais próximo do planejado. O atraso de algumas semanas não deve ter um grande impacto. Se a sua dose programada do Spinraza tiver sido atrasada, mantenha contato próximo com a equipe médica para reagendá-la o mais rápido possível.
18. No momento, não estou em tratamento, mas estou tentando obter aprovação para iniciar o tratamento. O que devo fazer?
Receber um tratamento aprovado pela ANVISA e que está definido por um protocolo clínico e diretriz terapêutica (PCDT) do Ministério da Saúde é uma prioridade. Continue conversando com seu médico sobre a obtenção e administração do medicamento, assim que recebê-lo. Caso inicie o tratamento, o mesmo deve ser planejado para evitar possíveis exposições ao COVID-19, com estratégias como evitar salas de espera e ser colocado em uma sala de procedimentos logo após a chegada
19. Devo continuar a ter homecare e outros profissionais de saúde em minha casa?
A segurança e a prevenção da exposição a infecções são fundamentais. Os profissionais de saúde em casa costumam prestar serviços críticos para manter a saúde, a segurança e a função. Cada pessoa e sua família precisarão decidir se continuarão com esses serviços em casa ou não. Em geral, adultos com AME que dependem exclusivamente de cuidadores, não podem ficar sem este atendimento. Portanto, sempre que os profissionais de saúde estiverem em casa, assegure-se que eles lavem suas mãos com frequência e que tenham acesso imediato a desinfetante para as mãos e máscaras faciais de uso hospitalar. Siga os mesmos cuidados recomendados na resposta à pergunta 1 deste documento na chegada do profissional à sua casa. Lembrando que os profissionais de saúde que trabalham em sua casa devem estar livres de sintomas.
20. Qual quantidade de suprimentos e medicamentos que devo armazenar?
Recomendamos ter pelo menos duas (2) semanas de medicamentos e suprimentos armazenados em sua casa. Isso inclui suprimentos para equipamentos, como máquinas de tosse (como o cough assist ou outros aparelhos similares) e outros equipamentos respiratórios, suprimentos para fórmulas e alimentos e quaisquer outros suprimentos que necessitam ser solicitados regularmente de empresas e fornecedores de equipamentos médicos que durem bastante (ou seja, que possam ser estocados por períodos maiores).
21. O que devo fazer se atualmente estiver participando de um ensaio clínico?
Se você estiver participando de pesquisas clínicas, entre em contato com a equipe de pesquisa sobre suas visitas ao estudo. Muitos estudos estão fazendo alterações que permitem que você permaneça no estudo, garantindo sua segurança como uma prioridade.
22. Esta situação causou muita ansiedade em mim e minha família. O que eu posso fazer?
Muitas pessoas com AME estão experimentando ansiedade por causa de toda a incerteza em torno do COVID-19, principalmente por causa do maior risco entre a comunidade com AME. Além de diretrizes para pessoas com maior risco, a Organização Mundial da Saúde fornece informações sobre como lidar com o medo, ansiedade e com sua saúde mental durante o surto de COVID-19, você pode ver a tradução para o português do documento no site https://news.un.org/pt/story/2020/03/1707792.
23. Como faço para ser testado para COVID-19?
Se você tiver sintomas de COVID-19 (por exemplo, febre, dor de garganta e tosse), entre em contato com o seu médico. Como o fornecimento de kits de teste é atualmente limitado, o Ministério da Saúde está recomendando testar apenas pessoas que precisam ser hospitalizadas ou profissionais de saúde que ficam doentes. As pessoas que não apresentaram sintomas, mas estão preocupadas com o COVID-19, provavelmente não serão testadas imediatamente. Você pode buscar mais informações no site do Ministério da Saúde (https://saude.gov.br/) e em aplicativos para smartphones do próprio ministério como o Coronavírus – SUS.
Equipe que realizou a tradução e adaptação do documento original:
Alexandra Prufer de Q. C. Araújo
André Luiz Santos Pessoa
Hélio van der Linden Júnior
Jonas Alex Morales Saute
Juliana Gurgel-Giannetti
Simone Chaves Fagondes
O documento original pode ser encontrado em: https://curesma.org/cure-sma-coronavirusquestions/